Suspeita de cárcere privado
Foi preciso um descuido para que a senhora Hilda Degasperi, de 80 anos de idade, conseguisse abrir a janela do quarto para pedir socorro aos vizinhos. Segundo a denúncia, Dona Hilda estaria sendo mantida em cárcere privado por um sobrinho e a esposa Salete Zimermann Bizarri (35) na residência em que moram na rua Paulo Cerutti Júnior, transversal da rua Bulcão Viana, no bairro Azambuja.
Ao notarem a senhora desesperada na janela, vizinhos acionaram a Polícia Militar, que imediatamente se deslocou em socorro à Dona Hilda juntamente com Rogéria Espíndola, do Conselho do Idoso, e de Maritza Sartori, assistente social da prefeitura. No local os policiais encontraram Salete ainda dormindo, enquanto a idosa nem café da manhã tinha ganho.
O cárcere teria começado quando Dona Hilda passou a propriedade para o nome do sobrinho. Além do imóvel, a senhora reclamou ainda que não teria mais acesso à aposentadoria e a poupança que mantinha na Caixa Econômica Federal “para cuidar da saúde”, como ela mesma disse ao repórter Júlio Mocellin.
No momento do resgate da idosa, Salete ofereceu resistência aos policiais tentando impedir que Dona Hilda fosse removida da casa e encaminhada à Delegacia de Polícia para registro da ocorrência. Salete também foi levada à presença do delegado Alonso Torres.
Aparentando sintomas de fraqueza, Dona Hilda recebeu um lanche na delegacia. Segundo a assistente social, Salete alegou que a idosa era mantida em casa por sofrer de Alzheimer, o que ficou sob suspeita em virtude da aparente lucidez da senhora, apesar da fraqueza própria da idade avançada e, talvez, em função de uma possível alimentação irregular.
Os vizinhos já haviam notado o afastamento de dona Hilda das rodas sociais. Para eles, Salete teria justificado o sumiço da senhora dizendo que ela estaria em viagem. Acompanhada pela conselheira Rogéria Espíndola, a idosa foi ouvida pelo delegado Alonso Torres, que abriu um inquérito policial para apurar os fatos.